Memórias Torturadas é eleita melhor peça do Fringe

A peça "Memórias Torturadas: a Ditadura e o Cárcere no Paraná" foi escolhida como a melhor peça do Fringe e a 6º melhor de todo o 21º Festival de Teatro de Curitiba, pelo Jornal Comunicação da UFPR.

Veja em: http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/?p=11068

E-Paraná

Texto de apresentação no programa impresso



Numa democracia todos contam sua história. Isso pode diferenciar a democracia da tirania.
Ainda assim, nosso Estado não tem memorado os anos de chumbo, e suas consequências para a atualidade.
O Paraná parece sofrer de amnésia histórica.
Porquanto, hoje, Curitiba é a cidade com maior índice de jovens que desejam a volta da ditadura, segundo pesquisa realizada em 2006, o que estarrece qualquer indivíduo que defenda a liberdade e o estado democrático de direito.
São sete longos anos de pesquisa em arquivos, livros e entrevistas, para o atual resultado pragmático.
Narrar quatro vidas aprisionadas, exatamente no mesmo ambiente onde tudo ocorreu, vai além dos ineditismos. Remete o público a ser parte integrante do meio, sorvendo por todos os sentidos a experiência do cárcere e do sofrimento pela luta de um ideal legitimo.
A tentativa da equipe – que presto os maiores agradecimentos – foi unir várias linguagens artísticas à história: a literatura através do texto, as artes cênicas pela peça em si, as artes plásticas nas concepções das instalações e cenografia, o cinema pelo produto audiovisual da produção e a música com a identidade sonora.
Acreditamos, assim, cumprir a função social da arte: formar, informar e disformar.

Gehad Ismail Hajar

(Portal Terra) Festival de Curitiba: público vai ao presídio acompanhar peça




O espetáculo 'Memórias Torturadas', que conta a história de presos políticos paranaenses durante a ditadura militar se passa exatamente no mesmo local .... Foto: Divulgação

O espetáculo 'Memórias Torturadas', que conta a história de presos políticos paranaenses durante a ditadura militar se passa exatamente no mesmo local onde ocorreram as torturas, o presídio do Ahú.
Roger Pereira
Direto de Curitiba
O Festival de Teatro de Curitiba ocupa nada menos que 72 diferentes espaços cênicos na capital paranaense. Teatros, bares, casas, praças, parque e ruas da cidade estão tomados por artistas nos 13 dias de apresentação. Mas, na edição de 2012, uma peça do Fringe, a mostra paralela do Festival, chamou a atenção pela ousadia. O espetáculo Memórias Torturadas, que conta a história de presos políticos paranaenses durante a ditadura militar se passa exatamente no mesmo local onde ocorreram as torturas, o presídio do Ahú, hoje desativado.

Em aproximadamente uma hora de apresentação, o público passa por momentos angustiantes, percorre as galerias escuras do presídio, assiste a uma cena de tortura no pátio central da prisão e, na sequência sobe para o terceiro andar de alas de celas, onde acompanha a história real de Ildeu Manso Vieira, militante comunista preso com seu filho, Ildeu Júnior, na década de 1970 e seus companheiros de cárcere.

Com relatos pessoais colhidos do livro de Ildeu, Memórias Torturadas e Alegres de um Preso Político e fatos históricos colhidos nos arquivos públicos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), o autor do texto, Gehad Hajar, conta o drama dos presos políticos, as várias formas de tortura a que foram submetidos e alguns detalhes curiosos e esquecidos na história paranaense, como a passagem de um dia de Ernesto Che Guevara por Curitiba e uma guerrilha que se armava no Parque Nacional do Iguaçu.

Memórias Torturadas foi a última peça a entrar na programação do Festival de Curitiba, tendo sido confirmada apenas em janeiro deste ano, isso porque a produção teve uma longa batalha política para conseguir autorização para encenar dentro do prédio, que hoje pertence ao Tribunal de Justiça do Paraná, que construirá o novo Centro Judiciário no local.

"A ideia só faz sentido aqui no presídio, se formos levar o espetáculo para fora, teremos que reescrever todo o texto. Trouxemos o público para cá para sentir um pouco da sensação. Sabe-se lá quantas pessoas foram torturadas e até morreram aqui dentro", contou Hajar. "O objetivo é causar um mal-estar mesmo, para que as pessoas dêem mais valor a quem deu a vida para termos um país democrático", prosseguiu.

O pesquisador disse que idealizou o espetáculo após ler em jornais uma pesquisa publicada em 2006 em que Curitiba era a cidade com o maior número de jovens que queria a volta da ditadura militar, com o argumento de que se teria mais segurança. "Adorei que o público está cheio de jovens. Foi para eles mesmo que escrevemos essa peça. Mesmo porque eu não vivi a ditadura, não tenho a real dimensão do que esses presos passaram. Mas, quero mostrar que pessoas morreram, ou ficaram loucas para que a gente viva em uma democracia e que democracia não é eleição direta, é o exercício diário", declarou.

Na plateia da estreia, vários membros da família de Ildeu, que morreu em 2000, acompanharam a história, entre eles, Ildeu Júnior. "Estou angustiado, me preparei bastante para suportar o pavor de voltar aqui, de não desabar", disse ao chegar ao local. "Foi sensacional, bastante real, fidedigno ao horror que vivemos. Tomara que sirva para esclarecer aos que acham que a ditadura foi branda no Paraná. Meu pai morreu em 2000 sendo torturado, estava preso em uma cama de UTI e gritava por liberdade. Mas, apesar de a ditadura ter desestruturado nossa família, tenho bem clara a sensação de que nada foi em vão", concluiu.

http://diversao.terra.com.br/arteecultura/noticias/0,,OI5705358-EI3615,00-Festival+de+Curitiba+publico+vai+ao+presidio+acompanhar+peca.html#tarticle

INGRESSOS ESGOTADOS

Informamos que para esta temporada do Festival de Curitiba, todas as sessões estão esgotadas - incluindo as sessões extras.

Agradecemos a presença e compreensão de todos!

A Produção

Peça dentro do Ahú tem sessões extras (Gazeta do Povo)

Memórias torturadas trata da história verídica de quatro presos políticos da ditadura militar

Com 106 anos e desativada há três, a Penitenciária do Ahú abriga de quinta a sábado que vem o espetáculo Memórias torturadas: a ditadura e o cárcere no Paraná, um sucesso de público no Fringe. O espetáculo já teve apresentações na semana passada. A procura foi tanta que a montagem ganhousessões extras, que serão realizadas às 21 horas de quinta (05) a sábado (07).
Mais do que assistir a um espetáculo, o espectador é colocado no centro da trama e transita pelo pátio, galerias e celas sombrias do prédio impregnado de história e drama dos milhares de detentos que ali ficaram.
Os espectadores, por sua vez, precisam seguir algumas regras: celular desligado (como em todo espetáculo) e só ficar em grupo, sempre acompanhado por policiais de verdade. Apesar de desativado, a delegacia ao lado do presídio abriga 80 detidos em caráter provisório.

Presídio vira palco de teatro (Rede Record)